quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Juquehy 2010


Viajar para a praia, visitar cachoeiras e ir a clubes durante as férias – ou em um final de semana qualquer – sempre foi um problema para mim. Não que eu não goste. Adoro.
Mas acontece que... Bom, vamos aos fatos...
Quase nunca viajo nos feriados prolongados, férias ou finais de semana. Nestas férias, porém, surgiu um convite para que fossemos,o Adriano e eu, para Juquehy uma praia linda no Litoral Norte de São Paulo, diga-se de passagem.
Eu sairia de férias na semana seguinte. Trabalho numa creche. Professora. Exceto por um funcionário da prefeitura que vistoria a creche toda semana, lá só tem mulher. É sabido, pelo menos entre as mulheres, que aquelas de uma mesma família ou que as que convivem sempre juntas, como num ambiente de trabalho, acabam por menstruar num período bem próximo uma da outra ou se não, no mesmo. É chato ficar falando disso, mas é a pura expressão de que quando algo tem que dar errado, vai dar errado, como já dizia meu caro Murphy.
Numa das conversas com uma colega, durante o período de sono das crianças, ela acabou por comentar que queria ir para a praia, mas que seria um problema porque ela havia acabado de menstruar e, poxa, é incomodo ir para a praia assim apesar dos absorventes internos. Na mesma hora, eu que esperava poucos dias para ir para Juquehy, tive uma avalanche de pensamentos “Menstruamos sempre no mesmo período, isso quer dizer que eu também ficarei menstruada”. Ir para a praia assim seria o inferno. Mas não fiquei pensando muito nisso, afinal a menstruação dela tinha vindo mais cedo e a minha demoraria mais uns quinze dias para chegar. Pelas minhas contas, aconteceria de menstruar bem no dia da volta para São Paulo, ufa!
Nos dias que seguiram fui fazer as compras para viajar. Nem preciso dizer que foi um sufoco achar um biquíni do meu gosto. As lojas estavam cheias de gente e sem opções de compra. Um caos que antecede os dias antes das festas de fim de ano.  As peças de moda praia estavam misturadas, ora só a parte de cima, ora só a de baixo, enfim. Depois de muito procurar achei algo que me agradasse.
No dia 25 de dezembro depois daquele almoço gostoso de Natal fui para o Jabaquara me encontrar com o Adriano. Meu pai me deu carona e no meio do caminho tivemos que voltar, pois eu havia esquecido meu travesseiro.
Como eu ia dizendo, fui para o Jabaquara no dia 25, mas era para termos viajado no dia 23. Sabe-se lá por qual motivo. O Adriano e eu só podíamos no dia 25.
Chegando no Jabaquara, ás 15h00, não encontramos o guichê da linha de ônibus que nos levaria até Juquehy. Fomos informados de que a passagem só era vendida na Barra Funda. Tá. Lá fomos nós para a Barra Funda. Chegando lá, ás 16h00, procuramos pelo guichê e além da demora para sermos atendidos, tivemos a surpresa do preço. Quem nos convidou disse que a passagem custaria por volta dos R$ 19,00, mas lá se foram trinta e tralálálá, vinte reais a mais do que imaginávamos. Esperávamos, com os atrasos e aborrecimentos, chegarmos cedo lá na praia. Qual não foi a surpresa de que só teria passagem para o horário das 21h30. Respira.
Ficamos por lá mesmo, conversando, lendo, desenhando na cadernetinha que o Adriano ganhara de uma gráfica. As 21h00 descemos para esperar o ônibus. Motorista lento, parava na estrada para tudo. Se era para chegarmos a meia-noite, a viagem acabou se estendendo por mais uma hora. Chegamos em Juquehy 1h00 da manhã. Ainda bem, tinha alguém para nos pegar lá.
Os dias na praia estavam lindos de sol da manhã e eu já nem me preocupava com a menstruação antecipada da minha colega de trabalho – porque menstruávamos sempre no mesmo período e poderia acontecer da minha vir antecipada também e acabar com a minha alegria na praia.
Sei que se pela manhã fazia sol, a tarde o céu ficava negro e chovia. Tá, já era esperado, né... Paulista na praia leva maré de azar e faz chover. Domingo, segunda, terça, quarta. Depois de atravessar um dos morros da praia de Juquehy, fomos parar numa praia chamada Barra do Una. Uma praia muito bonita, de mar negro e revolto. Seis quilômetros de ida, seis de volta. Doze quilômetros de pé machucado e pernas doloridas. A paisagem valia a pena.
Não sei por qual motivo lembrei-me do absorvente que eu tinha colocado na mala com medo da menstruação vir antecipada. Não deu outra. Menstruei naquela tarde que antecedeu os dois últimos dias de puro sol daquela minha viagem. Se nos dias anteriores fazia sol ou mormaço pela manhã e chovia a tarde, estes dois últimos dias, os que fiquei de molho em casa, fizeram-se do mais puro sol. E mais uma vez eu não pude acreditar como é cruel aquela lei que diz:

Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará.

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