terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O lado bom da vadiagem

Reclamar do transporte público é como um mantra para nós brasileiros. Não que não tenhamos razão pra reclamar, porque além de caro só nos dá dor de cabeça.

Ficar confinado por horas dentro de um ônibus, com um monte de gente estranha que faz todo tipo de barulho desagradável, como música ruim no auto-falante do celular e conversas sobre os assuntos mais idiotas e desinteressantes que uma mente humana pode conceber isso sem contar o calor e os odores que fazem os olhos lacrimejarem. Em outras palavras, o poder público conseguiu transformar algo que deveria ser bom na experiência sensorial mais desagradável da história. Como se isso já não fosse ruim o bastante ainda tem gente que faz um esforço pra piorar a situação empurrando pra conseguir um lugar pra sentar, parece um campeonato pra ver quem é mais idiota e o pódio é o banco do metrô. Parabéns, você conseguiu um lugar, e agora?

É engraçado acompanhar a transformação de uma senhora de idade, cansada e com uma cara até simpática numa amazona enfurecida, capaz de matar qualquer um que esteja entre ela e o assento de cor cinza. Ai eu pergunto: pra que serve aquela porra de adesivo escrito “assento preferencial” ? Pra nada, eu presumo, já que não faz diferença nenhuma na hora do “vamo vê”. Quando a porta do metro abre não existem mais mulheres, homens, crianças, velhos, deficiente físico nem nada disso, só uma massa de gente pensando “eu primeiro!”.

Eu poderia escrever mais alguns parágrafos sobre toda a sujeira que fica pra trás quando todo mundo vai embora, ou quando alguém faz a gentileza de vomitar no chão e nos obriga a ficar acompanhando o doce balanço das ondas de suco gástrico, das partidas de truco que não podem ser disputadas sem gritos, das pregações religiosas nos momentos mais inoportunos e até sobre o notório caso da mãe que resolveu trocar as fraldas do filho dentro do trem lotado e abafado, mas sinceramente estou com preguiça. Tudo o que eu posso dizer por hora é que a melhor parte de estar desempregado é não ter que passar por tudo isso todos os dia.


By Barnabé